Brasil e México Finalizam Negociações para Proteção Mútua da Cachaça e da Tequila

Iniciadas em maio de 2015, as negociações para o reconhecimento mútuo da Cachaça e da Tequila foram finalizadas ontem (22 de fevereiro de 2016)

Os Governos do Brasil e do México concluíram ontem (22 de fevereiro de 2016) o processo de negociação do Acordo para o Reconhecimento Mútuo da Cachaça e da Tequila como Indicações Geográficas e Produtos Distintivos do Brasil e do México". O anúncio foi feito durante a 3ª Comissão Binacional México-Brasil, que acontece na Cidade do México, pelo secretário de Economia do México, Ildefonso Guajardo e pelos ministros brasileiros de Relações Exteriores, Mauro Vieira, e de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Armando Monteiro.

Enquanto a Tequila é protegida em mais de 46 países, incluindo a União Européia, a Cachaça está protegida em apenas dois (Estados Unidos e Colômbia). Com o reconhecimento, o México é o terceiro país a reconhecer a Cachaça como um destilado exclusivo do Brasil.

As tratativas entre os dois países estavam em andamento há alguns anos, mas foi a partir de junho de 2014, com a renovação de um convênio firmado entre o Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC) e o Conselho Regulador de Tequila (CRT), que a movimentação em torno do processo de reconhecimento recíproco recebeu maior atenção do Governo. O resultado final deste esforço conjunto entre as entidades representativas da Cachaça e da Tequila acontece agora.

A ida de representantes do IBRAC ao México em 2014 integrou as ações do Projeto Setorial de Promoção às Exportações de Cachaça firmado entre a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a entidade. A visita teve como objetivo a realização de ações de benchmarking com a Tequila com o intuito de melhorar o trabalho de promoção e defesa da Cachaça em mercados internacionais.

O convênio com a Apex-Brasil, renovado em dezembro de 2014 e com duração de dois anos, prevê investimentos de R$ 1,3 milhão e conta hoje com a participação de 38 empresas, entre micro, pequenas, médias e grandes. Esses recursos vêm sendo utilizados em ações de promoção da Cachaça no mercado internacional, especialmente em países prioritários do projeto: Alemanha, Estados Unidos e Reino Unido.

Segundo Cristiano Lamêgo, Presidente do Conselho Deliberativo do IBRAC, entidade representativa do setor produtivo da Cachaça, “a conclusão do processo de reconhecimento mútuo é um momento histórico para a Cachaça e acontece no ano em que a bebida está prestes a completar 500 anos”. Além disso, reforça o Presidente do IBRAC, “o reconhecimento é o resultado dos esforços conjuntos entre o Governo Brasileiro e o setor privado”. 

As exportações de Cachaça atualmente estão aquém do potencial de mercado e estima-se que apenas 1% do volume produzido é exportado. Com o reconhecimento da Cachaça, Lamêgo  acredita que as empresas aumentarão seus investimentos no mercado mexicano e isso poderá representar um bom aumento nas exportações da bebida.

A forma de organização do setor e o sucesso da Tequila no mercado internacional tem sido um exemplo para a Cachaça. Enquanto em 2014 as exportações de Tequila representaram uma receita de mais de U$ 1 bihão  para o México, em 2015 o Brasil exportou pouco mais de US$ 13 milhões (7,7 milhões de litros) do destilado exclusivamente Brasileiro. Deste total, apenas 0,54% do total (quantidade) exportado de Cachaça foi para o México.

Além da possibilidade de aumento das exportações, segundo o Presidente do IBRAC, o reconhecimento da Cachaça pelo México tem um valor imensurável e impedirá o uso da denominação CACHAÇA por produtores de outros países. Lamêgo também destaca a necessidade de assinatura de outros acordos para promoção, valorização e proteção da Cachaça, como destilado genuíno e exclusivo do Brasil, a exemplo do que tem feito o México com a Tequila e o Reino Unido com o Scotch Whisky.

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