Brasileríssima à mesa

Reconhecida mundialmente como uma iguaria brasileira, a cachaça combina com a entrada, o prato principal e a sobremesa.

A mais brasileira das bebidas, a cachaça, comemora o seu dia esta semana. E para dar mais motivos à celebração, a data cai justo na sexta-feira(13), que, por si só, já é momento de festejar. Os números mostram o tamanho da iportancia que a branquinha tem para o país. Por ano, é produzido 1,2 bilhão de litros de cachaça. Com essa quantidade, seria impossível não vê-la à mesa acompanhando as refeições.

 Jairo Maritins, criador do site O Chachacista e membro honorário do Instituto Brasileiro da Cachaça(IBRAC), é um dos pioneiros no Brasil no estudo sobre a harmonização de cachaça. Desde a entrada até a sobremesa, ele garante que a iguaria é capaz, assim como o vinho, de transformar a experiência gastronômica. “Harmonizar com a cachaça é simples porque ela tem sabor mais marcante que outros destilados. No Brasil, temos diversas madeiras que são usadas para envelhecer a bebida e isso garante mais sabores”, explica.

A cachaça, inclusive, pode acompanhar pratos diferentes e permitir sensações distintas. Jairo dá como exemplo a cachaça branca. Mais ácida ela acompanha bem o torresmo, diminuindo o impacto da gordura. A mesma bebida resfriada é uma boa pedida para o prato principal. “Já a cachaça envelhecida na madeira amburana harmoniza bem com sobremesas como petit gâteau ou mesmo um bolo de rolo”, completa.

Wellington Martinez, proprietário do Pampulha Gastronomia e Eventos, é mineiro de Serro e conhece bem a relação dos que nasceram naquele estado com a cachaça. “Em Minas Gerais, a tradição faz com que ela seja servida acompanhando tudo: pão de queijo, lingüiça, até frutas”, garante. Para ele, a vantagem da cachaça é sua maior versatilidade em relação a outros destilados. “se você tem um produto de boa qualidade, ele vai combinar com tudo que você servir.”

Para Wellington, a degustação exige um cuidado especial. “É preciso esperar a cachaça assentar e respirar um pouco para sair aquele cheiro característico. Daí, você vai tomando aos poucos”, explica. “Em uma refeição, a média é de três doses, uma acompanhando cada prato”, acrescenta. Apesar de ter rótulos de todo o país, ele defende as mineiras como as melhores, não importa o preço. “A média de uma boa cachaça é de R$ 18 a R$ 20. Mas há cachaças no interior por R$ que são top”, aponta.

 

Jairo Martins acredita que, em 2014, com a copa do mundo, o país verá um boom no consumo dessa bebida. Tanto que já prepara cursos direcionados a quem quer se tornar, de fato, um sommelier em cachaça. “Começo a ministrar um curso em São Paulo, com 100 horas, que vai dar esse título. Nele, 20% do currículo é de harmonização. Temos que aproveitar a oportunidade que surgirá ano que vem.”

Por Rafael Campos, publicado na Revista do Correio(08/09/2013).