Brinde americano regado a cachaça

Após 12 anos de negociação para que a cachaça seja aceita nos Estados Unidos como um produto tipicamente brasileiro, o processo finalmente chegou à fase final e nos próximos 60 dias deve ir para consulta pública.

Atualmente a cachaça - terceiro destilado mais consumido no mundo - é exportada com a condição de ser identificada como brazilian rum, o que acarreta uma taxação maior.

Buscando esse reconhecimento, o Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac) e o Sebrae Pernambuco firmaram um convênio, no valor de US$ 100 mil (50% para cada) para cumprir as últimas etapas exigidas pelo governo americano. Se aprovada, a denominação deve favorecer as vendas para os Estados Unidos, segundo maior consumidor da cachaça brasileira - perdendo apenas para a Alemanha. Os americanos importaram 2,5 milhões de litros em 2007, mas o potencial de consumo chega aos 50 milhões de litros/ano, segundo projeções do Ibrac.

"Estamos falando do maior mercado do mundopara bebidas destiladas. Como é considerada um rum brasileiro, a cachaça tem uma tributação muito alta, pois concorre com o produto americano. O reconhecimento vai beneficiar principalmente micro e pequenos produtores, que são 99% do total", defende o presidente do Ibrac, César Rosa.

"No Brasil, um decreto já reconhece a cachaça como tipicamente brasileira. O Sebrae assumiu esse compromisso com os produtores, pois a denominação de origem vai facilitar o acesso ao mercado consumidor, aumentando a qualidade do produto e o faturamento de toda a cadeia produtiva", destaca o superintendente do Sebrae Pernambuco, Murilo Guerra.

No Brasil, existem 40 mil produtores de cachaça e 4 mil marcas diferentes, com geração de 650 mil empregos diretos e indiretos. Apenas Pernambuco, de janeiro a agosto, exportou o equivalente a US$ 1,45 milhão. Em 2007, o país exportou 9,05 milhões de litros, uma receita de US$ 13,83 milhões. "Temos 189 exportadores, vendendo cachaça para 54 países", detalha César Rosa.

O presidente do Ibraclembra que não é apenas nos Estados Unidos que os produtores buscam o reconhecimento. Na União Européia, por exemplo, apesar de identificada como cachaça, a bebida ainda não é reconhecida como um produto do Brasil.