Cachaça produzida no Carmo é campeã mundial

Rio - Foi-se o tempo em que a cachaça era associada pejorativamente a alcoólatras e arruaceiros. A bebida 100% nacional há muito atingiu novo status, o que foi confirmado no último Concurso Mundial de Bruxelas, considerado o Oscar dos destilados. A melhor pinga do mundo, a Cachaça da Quinta, é fabricada no Carmo, município de menos de 20 mil habitantes na região Centro-Norte Fluminense, divisa com Minas Gerais.

Esta semana, uma Carta da Cachaça, lançada pelo Sebrae e Firjan, vai ajudar a fazer com que a ‘caninha’ caia ainda mais no gosto de turistas. A publicação (em português, inglês e francês) ajudará a capacitar garçons, maitres e barmen a conhecer melhor a bebida na hora de oferecê-la aos clientes.

No Carmo, o alambique da Cachaça da Quinta, eleita a melhor do mundo entre 800 bebidas: “A cachaça é nobre, é uma das bebidas com maior gosto sensorial”, diz Kátia. Foto:  Daniel Castelo Branco / Agência O Dia

“A cachaça é nobre, é uma das bebidas com maior gosto sensorial”, afirma Katia Alves do Espírito Santo, presidente da Associação dos Produtores de Cachaça do Estado do Rio (Apacerj) e proprietária da Cachaça da Quinta.

A Apacerj estima que a indústria fluminense exporte US$ 4 milhões por ano e empregue cerca de duas mil pessoas nos processos de plantação de cana, fabricação e comercialização do produto. Ao todo, são 50 empresas no estado dedicadas à aguardente, entre fabricantes e engarrafadoras. Das 30 companhias com certificado do Inmetro no país, nove estão localizadas no Rio, um dos cinco maiores produtores. Além da Cachaça da Quinta, são certificadas as marcas Coqueiro, Pedra Branca, Engenho D’ Ouro e Paratiana (Paraty), Fazenda Soledade (Nova Friburgo), Menina do Rio (Sapucaia), São Miguel (Quissamã) e Werneck (Rio das Flores).

Da Quinta: cachaça premiada. Foto:  Daniel Castelo Branco / Agência O Dia

Presidente do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), Vicente Ribeiro diz que essa indústria já movimenta R$ 8 bilhões por ano e tem potencial para ir além. “O país fabrica 800 milhões de litros de cachaça por ano, mas tem capacidade para 1,2 bilhão. Não se chega a produzir mais por falta de mercado”, aponta. 
Ribeiro lamenta que apenas 1% da produção nacional seja exportada (US$ 15 milhões). “O maior interesse dos estrangeiros ainda é em comprar a nossa cachaça para fazer caipirinha. O fato de uma cachaça premium ter vencido o Concurso Mundial de Bruxelas ajuda a mostrar que as cachaças de alto nível também merecem destaque”, diz ele.

Estrela entre 800 famosas

Eleita a bebida mais saborosa entre 800 destilados dos quatro cantos do planeta, a Cachaça da Quinta desbancou uísques, vodcas, conhaques e tequilas no tradicional Concurso Mundial de Bruxelas, que chega a sua vigésima edição em maio.

A ‘branquinha’ é fabricada desde 1923 em uma fazenda. Além do alambique, o ambiente ameno da serra é um dos segredos da campeã. “Carmo tem um microclima muito propício ao desenvolvimento da cachaça, desde a plantação da cana de açúcar até o armazenamento e envelhecimento no barril”, diz Kátia.

São cerca de 400 litros da bebida por dia, que ficam armazenados em barris por até dois anos. A produção anual é de 100 mil garrafas, comercializadas no mercado por R$ 40 a R$ 50 cada.

Publicado no O Dia.